quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Longe

Caminho estreito
Em linhas me levando ao nascer do sol
Árvore escura dando-me boas vindas
Pinga água da madrugada,
folhas nuas e limpas

Longe o horizonte
Pequenas ervas em solo sossegado
apontam-me o sítio onde vai nascer o sol
Deixo-me ali ficar
Só eu
De costas oferecidas àquele tronco
onde velho barco se encosta também
Tinta lascada
Letras sumidas
Dois remos
Duas margens
Aquele caminho feito ponte
Secreta passagem em água doce escondida
Meu destino entre barco e ponte
superfícies e névoa
vapor de água
noite fria

Estou só ali
já não sei mais lá voltar
Transporta-me a minha mente àquele chão
Ainda lembro o sol nascente
Sem respirar me deixa
Oferta de mel
tudo manchado de luz
nos cantos
nos buracos
nas pedras
entre as folhas da árvore do barco
espelhado nas margens, no leito
denunciando o translúcido caminho
sobre água deitado

Em tudo o reflexo, a absorção
a troca
Meus olhos vendo
meus olhos dando
Fico nesta margem
De sol me completando
Talvez um dia minhas pernas doridas
queiram descobrir o sol do lado de lá
Entretanto fico
aqui

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