Duas mãos
Cinco dedos em cada
Teias de riscos, de marcas do tempo,
quase transparentes
só visíveis com a luz que reflectem
Cinco unhas em cada mão,
vermelhas, pintadas de sangue e fogo
pingam gotas de vida pelas minhas mãos
um rasto de eternidade
um eco infinito a cada gota que toca o chão
uma névoa de cerejas a cada gota que flutua
Sinais que me fazem parar, mecanicamente
Acho que sou feita de matérias primitivas
Cinco dedos, cinco unhas, cinco garras feitas para rasgar
A fusão da seiva da vida que me escorre com a carne liquida da minha presa
Os instintos em mim
As ordens descodificadas que pequenos compostos cá dentro provocam
Cadela com o cio
Missão foder e espalhar genes
sem escolhas, sem hesitação, sem dúvidas
Foder usando o fodido instinto
Sem voz sem olhos nos olhos
sem falsas carícias num abalo de consciências rotas
Até sem prazer,
como uma dependência,
só o aliviar da vontade impossível de reprimir,
sem prazer porque o objectivo é chegar ao fim
despejar todas as descontroladas ordens que a dominam
Sou feita de descontrolos
Sou a inquieta tesão de uma flor de primavera
Penetrada sem licença por feios insectos
Duas mãos
Sangue e fogo
Instintos
1 comentário:
estava a ver que este não vinha cá parar ;)
Beijo e continua a escrever :)
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