segunda-feira, 24 de março de 2008

Cativeiro

Se vierem fadas embalar o meu sono,
enquanto tu choras minha ausência,
pede-lhes docemente que te transformem as lágrimas em cristais
e as levem em penas até mim
Choras baixinho meu amor,
teu pranto rouba-te a força
Aperta a almofada que é minha,
prometo que te inundo com o meu cheiro
que não é mais meu: é desse pano
Tua mão que tantas vezes me sentiu
contorna agora invisíveis espaços sobre esse lençol
Se a tua mão moldasse as partículas desse ar
era meu perfil feito em volume que se mostraria
Sabes em tacto meus poros
Teus densos olhos
em negro brilhante sempre me prenderam
Voluntário o meu precioso cativeiro
Tu
Só tu
Se eu pudesse juntar como junto estas letras…
Se eu soubesse a tua magia

Queria ter forma de vento
e em correntes correr teus dedos
em turbilhões desalinhar teu cabelo
em leve vapor evaporar teu choro
Queria ser tua só mais uma vez
só para desejar ser tua outra vez