Demolição
Explosão
Energia demais apenas perdida
Fluxos que não entendo
Coisas vão
coisas vêm
E enquanto dizia que nada fica
sinto agora tudo isto ficando,
agarrado a mim em falso abraço,
sem conforto
Peso enorme carregado
Sombra minha
escura, pesada,
um pesadelo que me acorda na madrugada
Suor de medo
alagadas as horas de silêncio
roubado o tempo que precisava
para mim
Todo perdido nisto,
neste engano de pecados insanos
nos ecos, sempre os mesmos
Na minha tranquila estadia
está o mundo em guerra comigo
Quem parte?
Partida em cacos parto eu…
partiria se soubesse como sair daqui
se soubesse o norte ou o sul
Não há bússola para mim
Jamais serei bússola de alguém
Em perdidos temas
passo da cadeira para a cama
aguardam-me os pesadelos de madrugada
Talvez um dia deixe de dormir
Deitando-me sem sono
Deitando-me fora
Renovadas vozes
Esquecidas sombras fechadas em baús
Cinzas
Pó do que foi
Nada me toca agora
Nada consigo que me toque
Meu corpo repelindo qualquer toque
Minha alma
(se ainda a conheço)
um campo de batalha
Sem espaço para nada
Em cercos todas as miras
apontando na mesma direcção
Tiros certeiros
Mato tudo
Não acredito
Prefiro ser só, estar só
Não tenho espaço para dúvidas
já só não acredito
Este o presente que me deste
6 comentários:
«agarrado a mim em falso abraço..»
«se soubesse o norte ou o sul
Não há bússola para mim»
Há que distinguir os dois aspectos.
1º O eu.
2º A incapacidade de obter certezas e a heteredoxia.
«está o mundo em guerra comigo»
Estamos nós em guerra constante, ao bom estilo de Benjamim e o teatro Alemão.
Bom texto.
Não gosto de me expor a interpretações mas muito me agrada que vos desperte a discussão...
E mais, que mais está em mim e nas minhas palavras que não li nem escrevi?
É relativa a interpretação.
Eu distingui.
Se voltar a ler, provavelmente tenho uma interpretação diferente.
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