terça-feira, 15 de abril de 2008

Bem-te-quero

Quando o meu comboio passar
não te assustes
não tenhas medo
Ele passa, eu fico
Não lhe atires pedras
Ele passa, não pára
É só comboio de recolha

Se eu estiver distraída quando ele voltar
fecha tu as cancelas por mim
(tenho de me proteger)
Mas não perguntes
Ele faz tanto ruído quando passa
silencia-me
não consigo responder, não sei se consigo ouvir

Ficas do meu lado?
Reconheces os meus olhos tapados de cabelos?
Ajudas-me a remendar carris depois?

Podemos plantar malmequeres do lado de lá
Talvez um dia o comboio pare
E, cansado, por fim descanse no cais terminal
O seu fim não sou eu
Talvez os malmequeres cresçam tanto que as fendas dos carris se deixem de ver

Bem-te-quero

5 comentários:

Olinda disse...

Que lindo este comboio, li. :-)

Maria disse...

Muito bom, às vezes as fendas dos carris não só se escondem como desaparecem..mesmo!

12 disse...

Talvez
um dia

esse dia
(aquele dia)

12 disse...

Obrigada Sinhã.
É como aqueles comboios do interior: só eles nos mostram pedaços escondidos que de outra forma não conseguiríamos ver.

12 disse...

Maria,

Bom ler-te. Bom ler que podem desaparecer. Ficarei satisfeita se se esconderem, ficarei bem se deixarem de existir.

Volta sempre :)