Sou casca de laranja deitada fora
Tanto importa que fique ou que vá
Sou casca,
depois de mastigados meus gomos,
cortados a faca a dente a fome
depois de cuspidos meus caroços,
rejeitados, sem sabor, sem nutrição
- desprezada a fonte de tudo.
Depois
pouco interessa que destino me dão
E eu tinha cor,
eu guardava meus gomos preciosos
eu os mantinha aqui plenos de água para aliviar tua sede
Sou casca,
Resta-me esperar pelos vermes que me aceitam no chão
neste chão
Resta-me fechar os olhos e não sentir
um dia talvez volte a estar naquele ramo, naquela árvore,
um dia talvez seja gomo caroço sumo
um dia talvez minha casca renasça, tenha valor.
Sem comentários:
Enviar um comentário