terça-feira, 1 de abril de 2008

Jantar no Inferno

Dominas-me
A tua génese contraria todos os meus valores
todos os meus pudores
Fazes num estalar de dedos
com que salive só de imaginar o prato
Na ponta da língua
libertas todo o veneno que eu bebo
Agitas-me, abanas-me, desorientas-me
sou eu sem ser dona de mim
Tua voz até num sussurro faz vibrar meus tímpanos
fazendo vibrar meus neurónios
que vibram em mim
espalhando, como óleo sobre o meu corpo,
esses químicos que me impelem a física
reacção em cadeia
determinado este estado vibratório
terminado em tuas mãos
Tu que és prisioneiro em mim
eu que sou tua presa
Come-me,
lambe os dedos
deixa suja a tua boca
Bebe-me,
leva o copo à boca
suja a toalha de vinho
Sente-me escorrendo
meu estado líquido
tem forma feita para tu sentires
Sacia-te
Esgota a fome e a sede
tens tudo aqui
Não me esgoto eu em ti
O fim é sempre só mais um princípio

2 comentários:

Olinda disse...

O princípio do domínio?:-)

12 disse...

Se a dominância se puder estabelecer em princípios...

(embora confesse a minha atracção pela desordem)